O diretor de Novos Negócios e IoT da American Tower fala sobre 5G, transformação digital e IoT na indústria e no agronegócio brasileiro.
Brasil – Há mais de 20 anos, a American Tower é responsável pelo fornecimento de serviços e soluções em infraestrutura de conectividade sem fio em 25 países distribuídos em seis continentes. A topin conversou com o diretor de Novos Negócios e Internet das Coisas (IoT) da empresa, Daniel Laper, sobre os avanços no Open RAN, 5G, IoT, transformação digital das indústrias e do agronegócio, expectativas de crescimento de mercado para os próximos anos e muito mais.
Laper tem mais de 15 anos de experiência no setor de Tecnologia e Telecomunicações. É formado em Ciência da Computação pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (Fumec) Minas Gerais, com pós-graduação em Gestão de Projeto no Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), Engenharia de Telecomunicações no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e MBA Executivo no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) São Paulo.
topin: Quais são as áreas de atuação da American Tower e produtos mais relevantes para o momento atual, considerando-se os avanços no Open RAN e no 5G?
Daniel: A American Tower é proprietária independente, operadora e desenvolvedora de infraestrutura multicliente para comunicações e transmissão sem fio. Temos mais de 23 mil pontos de comunicações no Brasil, uma operação de rede neutra de fibra óptica em Minas Gerais e uma rede neutra nacional para Internet das Coisas (IoT), em LoRaWAN™.
Veja mais sobre a tecnologia LoRa® e o protocolo LoRaWAN™ ao final do texto.
Em todas essas linhas de negócio, está presente o nosso DNA, que é o compartilhamento de infraestrutura. Esse modelo já consagrado em torres para comunicação móvel agora se aplica também a outros contextos, como fibra óptica e Internet das Coisas, em função da evolução da tecnologia e maturidade do mercado, assim como a evolução da necessidade de investimento para suporte às novas tecnologias.
Nesse contexto, entendemos que o compartilhamento de infraestruturas será um grande viabilizador do 5G. Estimamos que serão necessários mais de 4 bilhões de dólares em investimentos em infraestrutura de telecomunicações no Brasil até 2030; além disso, temos a previsão de que será necessário instalar cinco vezes mais antenas em todo o território para esse desenvolvimento contínuo e efetivo do setor.
Para suportar o desenvolvimento de negócios em fibra óptica no modelo fiber-to-the-home (FTTH) e de IoT, assim como em outras áreas, como data center e novos modelos para o 5G, anunciamos recentemente a criação de uma unidade regional de novos negócios para América Latina.
Além do Brasil, temos operações de fibra óptica na Argentina e México, provenientes de aquisições, e uma startup de FTTH na Colômbia. Ao todo, são mais de 46 mil quilômetros de fibra instalados nos quatro países onde exploramos os modelos de FTTH, fiber-to-the-tower (FTTT) e atacado.
topin: Quais vantagens uma vertical ou produção rural tem ao implantar IoT em seu negócio?
Daniel: Com o uso de dispositivos inteligentes, como microestações climáticas e sensores de solo, por exemplo, é possível coletar informações em campo, como variáveis de clima e solo. A partir disso, o dispositivo envia as informações à internet, disponibilizando dados para tomadas de decisão e automação do sistema de irrigação. Além disso, com o auxílio de uma estação LoRaWAN™ autônoma, alimentada por energia solar e transmissão via satélite, é possível integrar a rede com a cobertura presente no restante do país em soluções voltadas ao setor agrícola.
Outro exemplo é a transmissão de informações para a gestão de ativos e maquinário agrícola, com o objetivo de facilitar a logística. A conectividade de backhaul via satélite permite que a solução seja implementada em áreas remotas, onde não existem outras formas de comunicação com a internet.
topin: Com relação ao crescimento da IoT no mercado brasileiro, qual é sua estimativa para os próximos cinco anos?
Daniel: Recentemente, alcançamos o marco de cinco milhões de conexões em acordos firmados para os próximos cinco anos para a nossa rede neutra IoT, com a Everynet como parceira tecnológica. Com a nossa rede neutra LoRaWAN™ de IoT, também batemos a marca de cinco bilhões de mensagens transportadas em três anos de ativação.
No primeiro ano de operação, observamos uma forte atividade em rastreamento, vertical já existente, aprimorada por meio de complementaridade de tecnologias. Logo depois veio a medição inteligente – água, gás, energia –, que cresceu 10 vezes durante a pandemia. Ainda na vertical de Cidades Inteligentes, observamos o aumento da tração na telegestão de iluminação pública, na qual já temos 18 pilotos em todo o país, incluindo algumas das capitais
Esses volumes indicam que temos a oportunidade de trabalhar com operação comercial da rede, simplificando nossa oferta e permitindo que o mercado tenha as condições e flexibilidade que precisa para se desenvolver. Temos 16 acordos de cooperação para desenvolvimento de ecossistemas e acreditamos que isso é uma relação benéfica para todos os envolvidos, desde a academia, empresas, até a sociedade em geral.
Para nós, a Internet das Coisas é como um jogo coletivo, onde um ecossistema robusto é a grande alavanca de escala. Desde o início das nossas operações no Brasil, em 2001, já foram investidos 8 bilhões de reais na construção e aquisição de infraestrutura de telecomunicações; quase 75% desse valor foi empregado nos últimos seis anos.
topin: Quais são os requisitos para a transformação digital da indústria, em que é preciso investir?
Daniel: Quando falamos sobre transformação digital, precisamos entender que todo esse processo passa essencialmente por soluções IoT. Isso porque essa solução permite habilitar a digitalização dos objetos e a coleta de informações dos mais diversos tipos, gerando novas fontes de receita, eficiência operacional e valor para a sociedade e empresas, expandindo a transformação digital e possibilitando novas ferramentas e análises.
O maior desafio na escala de projetos de IoT, atualmente, é com relação à necessidade de uma maior maturidade e cultura de transformação digital de toda a cadeia, e não apenas dos desenvolvedores das soluções. A Internet das Coisas é um meio para alcançar um objetivo maior, seja ele de negócio ou social, aumento de receitas, redução de custo, melhoria de experiência do cliente ou segurança e conforto e, por isso, é essencial que toda a estratégia esteja baseada em necessidades e oportunidades reais.
É preciso, portanto, trabalhar estratégias relevantes o suficiente para motivar e justificar o investimento e a mobilização de toda a cadeia – dispositivos, redes, integradores, plataformas de Big Data e analytics para apoio à tomada de decisão e outros. Uma vez clara essa necessidade ou objetivo, e definida a estratégia, é uma questão de encontrar os melhores parceiros para viabilizar a oportunidade – o tão falado ecossistema –, sempre almejando escala.
topin: Quem são os agentes mais relevantes para garantir a transformação digital da indústria e do agronegócio brasileiros?
Daniel: As soluções IoT serão grandes protagonistas nessa transformação, permeando diferentes áreas de negócio. No setor agrícola isso não será diferente. Os investimentos – cada vez mais necessários neste setor – vão alavancar os negócios de todo o ecossistema da agroindústria, promovendo mais conectividade, integração de sistemas e possibilidade de análises mais eficientes sobre tudo o que ocorre no campo, por exemplo.
Os dispositivos inteligentes já em uso, como as microestações climáticas e sensores de solo, são um importante avanço neste sentido. Por meio dessas soluções é que o setor está se desenvolvendo, no sentido de transformar a maneira como o trabalho diário em campo é feito, otimizando esse serviço e trazendo ainda mais informações, sempre conectadas e que auxiliam na tomada de decisão por parte das empresas do setor.
A expansão da conectividade também vai ser influenciada pela chegada do 5G, que começa a dar seus primeiros passos em território brasileiro. Inicialmente previsto para atender às capitais do país e grandes cidades, acredito que, brevemente, teremos esses investimentos também no setor agro, o que vai permitir mais rapidez em todo o processo de coleta, armazenamento e análise de dados com recursos IoT voltados para o campo.
LoRa® e LoRaWAN™
Long Radio (LoRA®) é uma tecnologia de radiofrequência com consumo mínimo de energia. Ela permite comunicação a longas distâncias: em áreas urbanas, de 3 a 4 Km de alcance; em áreas rurais, 12 Km ou mais. Suas principais aplicações são relativas aos sistemas de IoT, como sensores e monitores remotos.
LoRaWAN™ é o nome dado ao protocolo que define a arquitetura do sistema, bem como os parâmetros de comunicação com a tecnologia LoRa®. Ele define os detalhes de funcionamento, segurança, qualidade do serviço, ajustes de potência e os tipos de aplicações.
Conheça a American Tower
A companhia tem mais de 220 mil sites instalados em 25 países distribuídos em seis continentes, em áreas urbanas e rurais, ambientes internos e externos. Há mais de 20 anos, constrói e expande conexões, melhora infraestruturas, disponibiliza soluções e serviços sob medida para a necessidade de cada cliente e emprega atualmente mais de seis mil pessoas. Em 2020, foi considerada pela revista americana Fortune uma das empresas mais admiradas do mundo.