Nunes é diretor de Desenvolvimento de Negócios do Parque Tecnológico de São José dos Campos e explica os benefícios da conectividade em Cidades Inteligentes.
Brasil – Diretor de Desenvolvimento de Negócios no Parque Tecnológico de São José dos Campos, São Paulo, Brasil, Marcelo Nunes tem vasta experiência com Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA) e conectividade 5G. Ele é engenheiro, coordenador do Programa de Arranjos Produtivos Locais (APL) Aeroespacial Brasileiro e do APL de Tecnologia da Informação e Comunicação no Parque Tecnológico.
Marcelo conversa com a topin sobre a aplicação da conectividade 5G em ambientes urbanos, com base em sua experiência em São José dos Campos, e como a comunicação entre diferentes veículos, dispositivos e sensores pode trazer grandes vantagens a pessoas, empresas e meio ambiente.
topin: Como a implantação de redes 5G poderá beneficiar as cidades e torná-las inteligentes? Na sua visão, quando poderíamos ter aplicações comerciais de comunicação de veículo para tudo (V2X)?
Marcelo Nunes: O 5G possui uma latência entre 1 a 4 milissegundos e chega a ser 100 vezes mais rápido que o 4G, além de permitir que milhões de dispositivos de IoT se conectem ao mesmo tempo e com a mesma performance. Toda essa capacidade elevará absurdamente a qualidade da mobilidade urbana, garantirá maior segurança da população na prevenção de crimes e na forma como as pessoas interagem com os serviços públicos e privados. No caso do V2X, o 5G é o que possibilitará a utilização para esse tipo de aplicação.
topin: Que casos de uso de automação e IoT já podem ser citados como exemplo de vantagens da adoção da conectividade para as cidades? Onde foram implantados e como foram recebidos
Marcelo Nunes: O uso da tecnologia IoT permite a comunicação em infinitas possibilidades. Por exemplo: aplicativos para pets, ambulâncias, viaturas policiais, envio de informações etc. O uso dessa tecnologia em lâmpadas permitiria o monitoramento de todos os exemplos acima, identificando animais perdidos, fluxo de viaturas, temperatura, envio de mensagens para turistas, além da medição da própria iluminação.
Na cidade de São José dos Campos, contamos com o uso da tecnologia IoT, da qual a responsável pela instalação foi a startup Sigmais. Em um período de apenas três meses, ela instalou mais de 4 mil dispositivos, que recebem o nome de Sigpark. Estes informam aos motoristas onde há maior concentração de vagas livres para estacionar pelas ruas da cidade.
topin: Quais os principais players colaborando para essa evolução, seja da esfera pública ou da privada? Existe um entendimento de que haverá um retorno sobre investimento (ROI) satisfatório após a implantação da infraestrutura necessária?
Marcelo Nunes: Além das grandes empresas que estão participando a nível global diretamente, como Ericsson, Nokia e Qualcomm, as operadoras são em grande parte também responsáveis pela evolução desta tecnologia — Vivo, Claro, entre outras.
Do lado governamental, vejo o trabalho feito, por exemplo, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no marco legal da IoT; da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), com projetos para criação de ambientes de testes 5G no Brasil, dos quais o Parque Tecnológico tem sido o executor; a própria Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), regulamentando várias frentes do uso de antenas e abrindo o leilão do 5G. Eu acredito que esse conjunto de atores, tanto públicos como privados, estão fazendo com que nós tenhamos um amplo espectro de utilização da tecnologia.
Quanto ao ROI, ainda não conseguimos ter uma expectativa deste retorno, porque será extremamente alto. Nesse sentido, vai ser muito importante que as pequenas empresas, as startups, criem aplicações e tenham um ambiente para testar essas aplicações em diversas áreas — saúde, segurança e mobilidade, por exemplo.
É isso que vai trazer o retorno: aplicações utilizando a tecnologia 5G e IoT, porque o impacto para o consumidor final — a população em geral, que utiliza celulares e demais aparelhos com acesso à internet — não será apenas carregar um vídeo, fazer downloads ou assistir streamings mais rapidamente; o que trará o ganho principal para o uso dessas tecnologias será o comércio entre empresas (B2B). Então, a criação de aplicações, principalmente para uso dentro das empresas, é que vai permitir que o investimento tenha o retorno esperado de uma forma mais rápida.
topin: Como Inteligência Artificial (IA) e análise de dados podem colaborar para a otimização do uso da rede elétrica nas cidades? Isso geraria, além dos ganhos energéticos e financeiros, benefícios ambientais? É possível especificar cada um, brevemente?
Marcelo Nunes: Para que, efetivamente, a IA tenha resultados na questão de eficiência ou otimização das redes elétricas, é necessário haver conectividade. Apesar de poder analisar e concentrar informações em uma base de dados, é necessário coletá-las da rede elétrica — quantas pessoas estão em um ambiente, quantidade de luminosidade necessária para um determinado espaço —, e isso obviamente pode trazer, sim, ganhos energéticos e principalmente financeiros, tanto para o município quanto para as operadoras, que são as fornecedoras de energia.
Com relação aos ganhos ambientais, o monitoramento de toda a rede, no sentido de lhe prover uma melhor manutenção e, principalmente, pela economia na utilização da energia a partir do momento que avaliamos com IA, pode trazer uma resposta muito mais rápida para qualquer uso. E por falar em IA, trazendo para o plano de fundo a questão do uso da rede, é primordial que nós tenhamos a conectividade e condições de monitorar a rede por meio de telecomunicação. É uma tecnologia que vai se potencializar com o uso de redes de conexão 5G e dispositivos IoT.
topin: Quais outras aplicações, como no caso de missões críticas e segurança pública por exemplo, podem ser alcançadas com a utilização da IA e 5G no dia a dia?
Marcelo Nunes: A união do 5G com a Inteligência Artificial promete ser responsável por uma extensa revolução, que irá abarcar Realidade Aumentada (AR), Realidade Virtual (VR), saúde digital, transporte, turismo e tudo mais que envolva transferência de dados para sua expansão.
Conheça o Parque Tecnológico de São José dos Campos
Foi o primeiro parque tecnológico criado no Estado de São Paulo, Brasil. A ideia é ser um agente de destaque no desenvolvimento não apenas da região onde está instalado, mas também em todo o território nacional. Diariamente, são articuladas novas tecnologias, produtos e processos para inovar o empreendedorismo do país com qualidade e conhecimento.